O primeiro procedimento de denervação renal da capital baiana foi realizado em fevereiro deste ano no Hospital da Bahia, marcando um avanço significativo no tratamento da hipertensão arterial resistente. A intervenção foi conduzida pelos cardiologistas Sérgio Câmara, especialista em hemodinâmica e cardiologia intervencionista, e Cristiano Guedes, presidente da Sociedade Norte-Nordeste de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista.
Com o uso de um cateter de última geração, comercializado pela empresa Medicicor, o procedimento representa uma nova esperança para pacientes que enfrentam dificuldades no controle da pressão arterial, mesmo sob uso intensivo de medicamentos.
“O procedimento de denervação renal é percutâneo, feito por meio de cateteres. Através da emissão de radiofrequência, conseguimos realizar uma ablação — como se fosse uma cauterização — dos nervos simpáticos que ficam nas artérias renais”, explicou o Dr. Sérgio Câmara. Segundo o especialista, esses nervos desempenham um papel importante no aumento persistente da pressão arterial em alguns pacientes, e sua neutralização pode levar a uma melhora significativa nos níveis pressóricos.
A técnica é indicada para pacientes com hipertensão de difícil controle, que fazem uso de cinco ou mais classes de medicamentos anti-hipertensivos, já adotaram mudanças no estilo de vida, como redução do consumo de sal, prática regular de exercícios e perda de peso, mas continuam com a pressão descompensada.
A paciente submetida ao procedimento utilizava sete medicamentos diferentes para hipertensão e já havia sido internada de três a quatro vezes por crises hipertensivas graves. “Durante as internações, mesmo com o uso correto das medicações no ambiente hospitalar, ela continuava com dificuldade de atingir os níveis ideais de pressão”, ressaltou Dr. Sérgio. “Por isso, é essencial que o médico avalie criteriosamente se o paciente está de fato seguindo o tratamento medicamentoso de forma correta antes de indicar a denervação renal.”
O avanço da tecnologia também tem contribuído para o sucesso desses procedimentos. O cateter utilizado, modelo Symplicity Spyral, da Medtronic, possui um formato em espiral com quatro pontos de ablação, o que permite uma atuação mais ampla e eficaz nas áreas-alvo. “Os cateteres mais antigos faziam ablação em apenas um ponto, mas esse novo modelo possibilita uma aplicação simultânea da radiofrequência em quatro pontos, aumentando a eficácia e o controle durante o procedimento”, destacou Dr. Sérgio Câmara.
A realização desse primeiro procedimento em Salvador não apenas inaugura uma nova fase no tratamento da hipertensão resistente na capital, como também abre caminho para que mais pacientes tenham acesso a essa tecnologia inovadora. A expectativa é de que, com a ampliação dessa técnica, muitos outros casos refratários possam ser tratados com maior eficácia, reduzindo internações e complicações graves associadas à pressão alta.