Na noite da última quarta-feira, 27 de março, a Medicicor promoveu um jantar científico no salão de eventos do Restaurante Coco Bambu, no Shopping Recife, reunindo cardiologistas clínicos e nefrologistas para debater avanços no tratamento da hipertensão arterial de difícil controle. O evento teve como destaque a palestra do Dr. Nelson Araújo, cardiologista intervencionista e professor adjunto da Universidade de Pernambuco (UPE), que abordou “O Papel da Denervação Renal Percutânea na Hipertensão de Difícil Controle”.
O encontro teve como foco o dispositivo Symplicity Spyral, de segunda geração, que vem sendo utilizado no procedimento de denervação renal percutânea – uma terapia alternativa indicada para pacientes com hipertensão resistente. Segundo o Dr. Nelson, são considerados hipertensos resistentes aqueles pacientes que, mesmo utilizando três ou mais medicamentos anti-hipertensivos, incluindo um diurético, não conseguem controlar adequadamente os níveis de pressão arterial.
Durante a apresentação, o especialista destacou que a técnica vem ganhando respaldo da comunidade médica internacional. “A Sociedade Europeia de Cardiologia incluiu, nas diretrizes de 2024, a denervação renal como recomendação classe 2B. O que antes era contraindicado, hoje passa a ter indicação, com base em evidências científicas que comprovam sua segurança e eficácia”, explicou o cardiologista, que também atua no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e no Pronto Socorro Cardiológico de Pernambuco (PROCAPE/UPE).
O procedimento consiste na aplicação de radiofrequência em nervos localizados nas artérias renais, com o objetivo de reduzir a hiperatividade do sistema nervoso simpático, um dos principais responsáveis pelo agravamento da hipertensão. “A denervação é indicada não só para pacientes que não respondem bem às medicações, mas também para aqueles que não as toleram, oferecendo uma nova perspectiva terapêutica com potencial para melhorar a qualidade de vida e reduzir a carga medicamentosa”, pontuou Dr. Nelson.
O cardiologista frisou ainda que os estudos mais recentes, como os das séries HTN e SPYRAL, demonstram que a nova geração do cateter Spyral apresenta excelente perfil de segurança. “Não foram observadas grandes complicações nem alterações significativas da função renal, mesmo entre pacientes que já apresentavam alguma disfunção”, ressaltou.
O objetivo principal da palestra foi sensibilizar os profissionais presentes sobre a importância de reconhecer e encaminhar pacientes com hipertensão resistente para avaliação dessa terapia inovadora. “Cerca de 10% dos pacientes nos consultórios se enquadram nesse perfil, mas muitas vezes estão sendo esquecidos, sem que lhes seja oferecida uma alternativa terapêutica segura e comprovadamente eficaz”, alertou.
O evento teve boa receptividade por parte dos participantes e cumpriu sua missão de promover a atualização científica e fomentar o debate sobre práticas clínicas mais eficazes no controle da hipertensão arterial, uma das principais causas de mortalidade cardiovascular no mundo.