Pela primeira vez em Salvador foi realizada por uma equipe multidisciplinar totalmente baiana, formada por profissionais da Maternidade de Referência Professor José Maria de Magalhães Netto e do Hospital Ana Nery, com o apoio do Grupo Medicicor, uma cirurgia para separação de bebês siameses. O procedimento, que ocorreu no dia 04 de maio, reuniu esforços de todos os envolvidos.
O sistema de Autolog Medtronic, Plasmablade e Aquamantys, equipamentos de última geração doados pelo Grupo Medicicor, proporcionaram maior segurança ao procedimento. Uma parte da equipe médica formada por Dr. André Aleluia especialista em aparelho digestivo, laparoscopia, transplante hepático cardio pulmonar, Dra. Célia Brito e Dr. João Eugênio, ambos pediatras, ficaram responsáveis pela separação do fígado, onde foi necessário uso do Plasmablade, Aquamantys e Hemostático Arista.
Os dispositivos médicos garantiram o controle do sangramento, fazendo hemostasia no fígado. O Plasmablade atuou na área de corte e dissecção, em seguida o Selador Bipolar Aquamantys vinha coagulando a região onde tinha sangramento. Após a separação foi usado o Hemostático em Pó Arista para garantir uma hemostasia precisa e segura.
Na primeira parte da cirurgia a equipe cardíaca utilizou o sistema de autotransfusão – Autolog Medtronic que teve como função aspirar o sangue (prime) durante o ato cirúrgico, realizar a separação e lavagem das hemácias devolvendo aos bebês o concentrado.
O caso
Os bebês Nathan e Nathanael nasceram prematuros em dezembro de 2020, na Maternidade de Referência, interligados pelo tórax e abdômen. Os dois apresentavam ainda cardiopatias congênitas, sendo um dos casos de alta complexidade. Apesar de ter sido um procedimento bem sucedido, o bebê com quadro mais grave da doença não sobreviveu após uma parada cardiorrespiratória. A cirurgia aconteceu no Hospital Ana Nery.
“Eles estavam sob ventilação mecânica e drogas vasoativas desde o primeiro dia, para mantê-los vivos diante da grave cardiopatia. Os bebês dividiam o fígado e um circuito vascular importante”, detalha a cirurgiã Célia Britto, responsável pelo procedimento.
Segundo a médica, que já havia realizado anteriormente outras duas cirurgias para separação de siameses, cerca de 50 profissionais de saúde se dedicaram a estudar o caso para preparação do procedimento durante os últimos quatro meses. Participaram da cirurgia oito profissionais da Cirurgia Pediátrica; três na equipe cardíaca, coordenados pela cirurgiã cardíaca Nadja Kraychete; o cirurgião hepático André Aleluia; quatro anestesistas; além do suporte da enfermagem e técnicos.
“Essa é uma cirurgia que necessita de uma equipe multidisciplinar entrosada. Dividir conhecimento e experiência de uma equipe multidisciplinar em prol de um tratamento médico é muito importante. E diante desse enorme desafio nos unimos, partilhamos o desejo e a coragem de fazê-lo da melhor maneira possível. Juntamos duas instituições baianas e partilhamos expertise, ideias, estudo, organização, respeito, em prol deste desafio. Obrigada aos fornecedores que nos doaram equipamento de última geração propiciando maior segurança no procedimento”, ressaltou.
A opinião foi compartilhada pelo cirurgião André Aleluia que agradeceu o empenho de todos. “Tenho certeza que o melhor foi feito. Foi oferecido o melhor de profissionais e especialistas, estratégias bem definidas e muito empenho”, garantiu.